Conforme noticiado aqui, ficou ruim para o governador Ricardo Coutinho se manter no PSB, principalmente agora que o partido no plano nacional anunciou, através de uma nota, rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff. Nesta quarta (4), pela manhã, Ricardo havia criticado o que considerou de “espetacularização” a condução coercitiva do ex-presidente Lula até a uma delegacia da Polícia Federal para depor na investigação da vigésima quarta edição da operação Lava Jato.
Na justificativa para o rompimento, o PSB alega que “o governo da presidente Dilma perdeu a credibilidade”, também, de acordo com o escrito, “a capacidade de governar, impondo graves consequências para o nosso povo, que desde então sofre com a recessão, a carestia e o desemprego”. Ricardo ainda não teve tempo de avaliar a nota (leia abaixo) assinada pelo presidente nacional Carlos Siqueira.
Nem mesmo o fato dos socialistas da Paraíba viveram numa fase de ascensão, ainda mais agora após a filiação do ex-peemedebista Gervásio Maia, não está sendo levado em conta. Hoje, o governador Ricardo Coutinho é o único dos governadores do partido que poderia chamar o feito a ordem, também mostrar que é um erro cair no colo da oposição.
Receia que o trabalho de construção da legenda venha ser colocado abaixo, porque a postura de oposição poderá atrapalhar os planos da legenda socialista, que tornou-se grande no Nordeste, em especial, sob o comando do governador da Paraíba, que, decerto, não está de acordo com a decisão do Diretório nacional, discordando que a política entrou no fundo do poço por causa do suposto envolvimento de Lula no desvio de dinheiro da Petrobras, ou roubalheira dos cofres públicos.
A nota tem o seguinte teor:
“O Brasil convive nos últimos anos com uma das piores crises do período republicano, visto que se somam aspectos políticos, econômicos, federativos e, sobretudo, éticos.
Desde a sua eleição, o que vemos é que o governo da presidente Dilma Rousseff perdeu a credibilidade e a capacidade de governar, impondo graves conseqüências para o nosso povo, que desde então sofre com a recessão, a carestia, o desemprego – uma crise social que deve ser solucionada por um governo legítimo.
O Partido Socialista Brasileiro tem se pautado pelo equilíbrio e pela determinação de defender as pautas do desenvolvimento nacional e dos interesses populares.
Entretanto, os acontecimentos dos últimos meses evidenciam um quadro de deterioração ética que foge à normalidade e que leva o PSB a reafirmar a postura crítica em relação ao governo federal e marchar em definitivo para a oposição a este governo, posicionamento que deverá ser convalidado pela Executiva Nacional.
O funcionamento das instituições de Estado – Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal – deve ser respeitado em uma democracia, de modo que ninguém possa ser sacralizado e, menos ainda, vitimado simplesmente por responder a acusações que pesem contra ele, independentemente do cargo que ocupa ou que ocupou. Em uma democracia madura, ninguém se surpreende com ações dessa natureza por órgãos de Estado.
Este é um momento extremamente desafiador para todas as forças políticas do país, mas especialmente para aquelas que como nós, socialistas, querem renovar a política e contribuir para a superação deste grave momento de nossa história.”
Carlos Siqueira
Presidente Nacional do PSB