Jônatas Frazão: ‘É se Aguinaldo Ribeiro tivesse confiado em Dilma?’

Professor aposentado da UFPB, Jonatas Frazão ocupa espaço neste blog com um artigo de leitura incontornável. Para facilitar a vida dos interessados, vai abaixo:

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Todos lembram que, na pré-campanha, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) – ocupando o cargo de Ministro das Cidades – obteve a garantia do PT e da presidente Dilma Rousseff (PT) de que seria mantido no cargo de ministro. Essa garantia era dada ao paraibano até mesmo para que ele abrisse mão da disputa pela Câmara Federal e coordenasse a campanha petista na Paraíba, ou se candidatasse a Senador, apoiando Dilma no estado e garantindo seu palanque.

Passou a eleição e o que vimos é que Dilma acabou por ceder o Ministério das Cidades ao PSD de Gilberto Kassab, fazendo com que o paraibano sobrasse na curva. Podemos dizer que não ter confiado em Dilma foi a garantia para Aguinaldo de sua reeleição e da manutenção do importante espaço político para a família Ribeiro.

É certo que Dilma teve suas razões para querer Aguinaldo fora de seu ministério. Essas razões foram explicitadas pelo jornal Folha de São Paulo, em reportagem publicada no final de semana. Segundo a matéria, Aguinaldo não foi nomeado porque pode estar envolvido com a operação Lava Jato.

A matéria apresenta os motivos pelos quais a presidente Dilma deixou de nomear pessoas consideradas peças-chave em seu grupamento político e, no caso de Aguinaldo, a razão é que, no PP, poucos estão fora do esquema da Petrobras.

Apresentando uma foto do deputado paraibano, a Folha diz que “o Planalto está preocupado com o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo quem só ‘dois deputados do PP se salvam’ do escândalo de corrupção na estatal”.

Considero que Aguinaldo ou sabia o que lhe esperava, ou não confiou cegamente na presidente, para decidir manter a garantia de seu espaço político – uma vaga na Câmara dos Deputados – por conta própria.

A reportagem diz ainda que Dilma ainda aguarda “manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre políticos envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras” para poder, até, fazer algumas substituições em sua equipe de governo. Segundo a Folha, a presidente “tem apreço” por Aguinaldo Ribeiro, mas, “assim como no caso do Turismo, Dilma aguarda a lista de políticos envolvidos na Lava Jato para fazer a troca na Integração”, ministério que caberia ao PP.

O jornal diz ainda que, em depoimento à Justiça, Paulo Roberto Costa afirmou que “o esquema de corrupção na estatal (Petrobras) irrigou campanhas de PP, PT e PMDB”.

Será que Dilma cumpriria a sua palavra com Aguinaldo, mesmo se ele for confirmado como um dos envolvidos com a Lava Jato, bancando a nomeação do paraibano para o Ministério da Integração Nacional e pagando o preço da exposição negativa na mídia? Quebraria a palavra e não nomearia Aguinaldo, em caso de envolvimento dele com o esquema? Ou será que Aguinaldo vai provar que nada tem a ver com o assunto e garantir seu ministério?

Só o tempo dará a resposta.”