JUQUINHA PARTIU SEM DIZER ‘INTÉ AMANHÃ’

O café da tarde não será mais o mesmo. O “inté amanhã” também não ouviremos. Juca Pontes, Juquinha para os mais íntimos, nos deixou sem avisar que ia para os braços do PAI. Pegou o elevador e foi direto para o céu. Lá, encontrou as portas abertas, escancaradas, por ter sido um homem verdadeiramente bom.

Éramos irmãos. Nunca brigamos. Nunca discordamos. Nunca (!)… Nunca (!)… Chamava-me de “Coni Show”. Eu me sentia orgulhoso, claro. Me sentia profissionalmente reconhecido.

Coni Show, precisamos falar com Padre Ciço [prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena]. Quero ir com você para trocarmos uma ideia e acho importante sua presença.

Entendi perfeitamente o recado, porque o seu projeto era colocar a cultura de João Pessoa no topo, um segmento cujo sangue circulava em seu corpo. O luto para esse setor não será de três dias e, sim, por muitas décadas, porque a cultura tem um nome: Juca Pontes.

Juquinha, aqui na terra, só deixou amigos. Tive a honra de participar do seu aniversário de 60 anos. Eu e minha Cássia. Nunca vi uma alegria tão contagiante de um pai que fez papel de mãe ao mesmo. Quatro filhos lindos, todos com a mesma personalidade dele.

Humildade era uma marca. Juquinha não deixava transparecer problema em momento algum. Se tinha, não compartilhava com ninguém. Viveu para os filhos, também os netos.

Bem, eu nunca vi nada mais cheio de vida. Flutuava. Enfim, parafraseando Milton Nascimento, “amigos são coisas para se guardar, do lado esquerdo do peito…” vou levar Juquinha no meu coração para quanto vida eu tiver.

Marcone “Coni Show” Ferreira