Nelson Rodrigues dizia: “O povo desconfia do que entende”. O blog traz a frase para esse espaço para justificar o que não é compreendido pela sociedade. Veja o caso do julgamento pelo Tribunal de Contas do Estado da prestação de contas da Casa Civil do governo com a gastança na aquisição de 17 toneladas de lagosta, camarão, peixes raros e carne de primeira.
Você deve estar perguntando o seguinte: Tudo isso foi parar aonde? Na Granja Santana, residência oficial do governador. Um episódio de compreensão simples e decisão imediata para quem se propõe a julgar e aplicar a lei, assim como faz-se com prefeitos do interior do Estado e que têm contas rejeitadas por causa de uma simples rasura. Pode ser exagero, mas não é.
Só não vê quem não quer. O Tribunal de Contas, por exemplo. Ou, por outra, parte dos conselheiros, aquele pedaço que se recusa a ver. O conselheiro Umberto Porto, um dos integrantes da Corte que viram, traduziu o sentimento que cruzou o asfalto: “Este fato me leva a acatar como de praxe o pedido. Portanto, fica adiado para a próxima sessão o julgamento do processo”
Porto referia-se a estratégia do advogado Johnson Abrantes, defensor da causa de que não há irregularidade alguma na gastança da Casa Civil, ao alegar que não poderia estar presente a sessão do TCE porque iria atuar numa audiência em Pombal, representando a prefeita Polyana Dutra numa ação de investigação judicial eleitoral.
O sempre irrequieto repórter Clilson Júnior, do Clilckpb, descobriu que o advogado Abrantes mentiu. Um documento fornecido pela 31ª Zona Eleitoral, de Pombal, a prefeita foi representada pelo advogado Bruno Lopes de Araújo, que atua no escritório de Johnson.
Bem, neste caso do conceituado advogado, o blog entende que a OAB, seccional da Paraíba, poderia cuidar. Por outro lado, de fato, de fato. A despeito das evidências que saltam a denúncia do Ministério Público, escorada em parecer dos auditores do TCE, houve quem fechasse os olhos.
Que existe uma tentativa de livrar a Casa Civil de uma denúncia em que os indícios, por eloqüentes, chamam por respostas, o Tribunal de Contas trilha um caminho que as ruas não engolem de jeito nenhum.
Diante dos fatos, então, lembramos novamente Nelson Rodrigues: “O povo tem seus abismos, que convém não mexer, nem açular”.